quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Refletindo Galeano

Caminhando em meio a livros, sem ter em mente o quer ser lido, procurando entre títulos algum que mereça ir para casa comigo, O Livro dos Abraços cai no meu colo, como que pedindo "releia-me".
Abraçamo-nos como saudosistas, como palavras que encontram quem lhes dê sentido.
Reencontramo-nos.

O Mundo
" Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus.
Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
- O mundo é isso. - revelou -. Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores.
Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo."

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Celebração da voz humana/2

"Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontraquem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada."

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