quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Uísque Barato

Acordou com o barulho da chuva, a janela aberta e a água molhando seu rosto.
A pobre mulher, dormiu sem querer, acordou ao deitar. Nem o sono lhe pertencia.
Seus móveis eram a cama, o espelho e uma mala, dentro dela meia dúzia de roupas e uns sapatos, gastos como ela.
Olhou-se... havia marcas de choro no seu rosto, olhos e nariz. Havia cheiro de estranhos em seu corpo. Não lembrava e nem queria.
O gosto do uísque barato lhe veio à boca, rápido como se fosse vomitar. Não o fez.
Uísque barato do Paraguai, praguejou a mulher.
Na janela aberta, repousa em vertical sono um guarda-chuva, estilo bengala.
Era como um quebra-cabeça, faltando peças. Frequentemente isto lhe acontecia, já não assustava.
No bolso velho do jeans, uma passagem para Assunção.
Porra, gritou pobre mulher enquanto deitava... deve ter vindo com esse uísque vagabundo, concluiu.